Fé nos Burros - Exposição Fotográfica ao Ar Livre
Fotos de João Pedro Marnoto em colaboração com AEPGA
Alfândega da Fé - Jardim Municipal - 17 de Julho a 21 de Agosto 2010
Fotos de João Pedro Marnoto em colaboração com AEPGA
Alfândega da Fé - Jardim Municipal - 17 de Julho a 21 de Agosto 2010
A AEPGA (Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino) em parceria com o fotógrafo João Pedro Marnoto, pretende através da instalação fotográfica "Fé nos Burros" enaltecer a utilidade e importância da relação homem-animal, com especial relevância para as burras, burros, mulas e machos. Esta cultura rural associada aos habitantes das nossas aldeias, retratada nas suas maneiras de trabalhar com a terra e animais, a sua cumplicidade na relação com os mesmos.
Apesar da AEPGA, ser uma associação cujo objectivo se centra na recuperação e manutenção da Raça Asinina de Miranda, o burro e o gado muar assumem neste projecto uma figura, que simboliza a riqueza cultural e natural desta região.
Através da presença deste animal iremos descobrir facetas do quotidiano dos seus donos, desde a sua cultura material, saberes artesanais, tradição oral, conhecimento popular, até aos seus sentimentos e emoções.
Iremos à procura da presença de um mundo antigo que ainda resiste à avalanche da modernidade, e sobretudo daqueles que assistem e resistem ao seu desaparecimento.
AEPGA
Apesar da AEPGA, ser uma associação cujo objectivo se centra na recuperação e manutenção da Raça Asinina de Miranda, o burro e o gado muar assumem neste projecto uma figura, que simboliza a riqueza cultural e natural desta região.
Através da presença deste animal iremos descobrir facetas do quotidiano dos seus donos, desde a sua cultura material, saberes artesanais, tradição oral, conhecimento popular, até aos seus sentimentos e emoções.
Iremos à procura da presença de um mundo antigo que ainda resiste à avalanche da modernidade, e sobretudo daqueles que assistem e resistem ao seu desaparecimento.
AEPGA
Ao tentar transpor a ideia de estúdio fotográfico para as aldeias e povoações do concelho de Alfandega da Fé e aí retratar os burros, burras, mulas e machos acompanhados dos seus donos, a intenção é acima de tudo isolar os retratados dos demais elementos envolventes, e assim concentrar toda a força da imagem para o que se pretende realçar.
Se num primeiro olhar a maior parte das imagens afigurarem um passado em desaparecimento demasiado evidente e inquestionável da relação do homem com o animal e a terra, num segundo olhar mais atento constatamos que um sinal de esperança surge em tons de amarelo numa figura jovem acompanhada do seu Burro.
Numa adaptação aos nossos tempos, representa novas vertentes e práticas no uso deste animal através de passeios inseridos num turismo rural e sustentável, num concelho tão propício a tais actividades.
Assim sendo, o que se pretende enaltecer é essa mesma relação entre o Homem e o Burro, sabendo que enquanto se perpetuar essa cumplicidade, haverá sempre esperança na sobrevivência da espécie que desde sempre fez parte da nossa história e memória colectiva. E que deste modo queremos continuar a preservar e a celebrar.
João Pedro Marnoto – Fotógrafo
Se num primeiro olhar a maior parte das imagens afigurarem um passado em desaparecimento demasiado evidente e inquestionável da relação do homem com o animal e a terra, num segundo olhar mais atento constatamos que um sinal de esperança surge em tons de amarelo numa figura jovem acompanhada do seu Burro.
Numa adaptação aos nossos tempos, representa novas vertentes e práticas no uso deste animal através de passeios inseridos num turismo rural e sustentável, num concelho tão propício a tais actividades.
Assim sendo, o que se pretende enaltecer é essa mesma relação entre o Homem e o Burro, sabendo que enquanto se perpetuar essa cumplicidade, haverá sempre esperança na sobrevivência da espécie que desde sempre fez parte da nossa história e memória colectiva. E que deste modo queremos continuar a preservar e a celebrar.
João Pedro Marnoto – Fotógrafo
O fim de um mundo e o inicio de outro
Dizer que o mundo já não é o mesmo, é uma constatação que fazem os mais idosos, que viram desaparecer diante dos seus olhos o mundo onde nasceram e que viram transformar-se sem entender porquê.
O mundo da memória oral, passada entre gerações, à luz da candeia ou do lume, já que a luz eléctrica nem dos sonhos faria parte, a tecer o linho e a lã, fazendo a sua própria roupa (o dinheiro era escasso e o comércio quase limitado ao que se produzia localmente).
O mundo em que o corpo era a principal tecnologia de trabalho, trabalhando-se de sol a sol e onde os alimentos se dividiam entre os que davam força para trabalhar e os que só serviam para encher a barriga (quem não é para comer, não é para trabalhar dizia a sabedoria popular).
O mundo em que os animais eram de facto os melhores amigos do homem: serviam para ajudar nos trabalhos agrícolas e no transporte, aliviando o dono, transportando-o a ele e aos produtos agrícolas colhidos ou semeados (burro, macho, mula, égua, cavalo, boi) serviam para ele se alimentar (ovelhas cabras, porcos, galinhas) serviam para o homem se aquecer e aquecer as casas no inverno (as pessoas dormiam por cima da loja dos animais e por vezes mesmo na loja dos animais numa tarimba).
Esta exposição de fotografias mostra a relação próxima e de amizade entre os burros e os donos e ilustra o fim de um ciclo e o inicio de um outro, onde se inventam novos usos e novas qualidades para estes animais. E isso é importante porque se não tiverem utilidade estarão condenados à extinção.
Esta exposição permite uma reflexão sobre o passado, o presente e o futuro, fazendo-nos tomar consciência de que há perigos, oportunidades e escolhas a fazer.
Faço votos para que as escolhas sejam as melhores e não só as possíveis.
Berta Nunes - Presidente da Câmara de Alfândega da Fé
Dizer que o mundo já não é o mesmo, é uma constatação que fazem os mais idosos, que viram desaparecer diante dos seus olhos o mundo onde nasceram e que viram transformar-se sem entender porquê.
O mundo da memória oral, passada entre gerações, à luz da candeia ou do lume, já que a luz eléctrica nem dos sonhos faria parte, a tecer o linho e a lã, fazendo a sua própria roupa (o dinheiro era escasso e o comércio quase limitado ao que se produzia localmente).
O mundo em que o corpo era a principal tecnologia de trabalho, trabalhando-se de sol a sol e onde os alimentos se dividiam entre os que davam força para trabalhar e os que só serviam para encher a barriga (quem não é para comer, não é para trabalhar dizia a sabedoria popular).
O mundo em que os animais eram de facto os melhores amigos do homem: serviam para ajudar nos trabalhos agrícolas e no transporte, aliviando o dono, transportando-o a ele e aos produtos agrícolas colhidos ou semeados (burro, macho, mula, égua, cavalo, boi) serviam para ele se alimentar (ovelhas cabras, porcos, galinhas) serviam para o homem se aquecer e aquecer as casas no inverno (as pessoas dormiam por cima da loja dos animais e por vezes mesmo na loja dos animais numa tarimba).
Esta exposição de fotografias mostra a relação próxima e de amizade entre os burros e os donos e ilustra o fim de um ciclo e o inicio de um outro, onde se inventam novos usos e novas qualidades para estes animais. E isso é importante porque se não tiverem utilidade estarão condenados à extinção.
Esta exposição permite uma reflexão sobre o passado, o presente e o futuro, fazendo-nos tomar consciência de que há perigos, oportunidades e escolhas a fazer.
Faço votos para que as escolhas sejam as melhores e não só as possíveis.
Berta Nunes - Presidente da Câmara de Alfândega da Fé
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