LOCAL GEOGRAPHIC, terceira e última criação de RUI HORTA enquanto Artista Associado da Temporada, é uma reflexão sobre a identidade, um estudo de uma “geografia pessoal” que passa pelo corpo como ferramenta de descoberta do mundo.
CCB, 11 A 16 MAIO, SALA DE ENSAIO
11, 12 e 14 Maio: 21h00 / 15 e 16 Maio: 19h00
Uma obra sobre a importância de se perder. De fazer da perda um método, sobretudo quando a experiência de vida tende a tornar-se um peso que nos leva a não arriscar. A perda, então, como um método.
Tinha-me habituado, todas as semanas, a pegar na minha bicicleta e a descobrir um novo trilho e uma nova paisagem. Habitualmente, partia de manhã cedo e regressava antes de o meu dia verdadeiramente começar. Era como que um prólogo para uma rotina anunciada. Às vezes perdia-me...
Há quem vá para a Namíbia ou para o Tibete para se perder (e, com isso, gasta imenso dinheiro...). E há quem se perca ao virar da esquina, quase à porta de casa. Para qualquer criador a dúvida, a perda e o risco são a mesma matéria da construção da obra, com a qual convive no dia-a-dia: a investigação, a experimentação, dúvida, perda.
De algum modo, das três obras que criei para o CCB, enquanto artista associado nesta temporada, esta obra é a mais narrativa e também a mais pessoal. Um discurso sobre a busca da identidade, nos antípodas do plausível, na fronteira da ironia. Só podia ser feita por mim e para mim mesmo ou para um intérprete com o qual tenho partilhado um sem-número de aventuras criativas ao longo de dezoito anos – Anton Skrzypiciel. Actor/bailarino/intérprete multifacetado, um homem de tal modo curioso perante a vida que nunca conseguiu amarrar a âncora do seu barco em nenhum porto de abrigo, um protagonista essencial nos mais importantes trabalhos que eu realizei.
Esta obra é igualmente uma obra acompanhada dos meus cúmplices habituais, o compositor Tiago Cerqueira, o actor/encenador Tiago Rodrigues e o designer de multimédia Guilherme Martins.
Rui Horta
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